O Alto Custo de Fingir o Êxtase: O Silenciamento do Corpo Selvagem

Fingir um orgasmo pode parecer um ato inofensivo — um gesto para preservar o ego do outro, para “acabar logo”, ou simplesmente evitar conflitos. No entanto, por trás desse disfarce corporal, há uma profunda traição do instinto, um silenciamento do corpo selvagem da mulher.

Cada vez que uma mulher finge o clímax, ela afasta-se de sua natureza instintiva, de sua loba interior que conhece o caminho do prazer verdadeiro, da saciedade orgástica, da expressão plena. Ela se desconecta de sua verdade sensorial, emocional e energética. O fingimento transforma a cama em palco e o prazer em performance. E como todo papel repetido demais, começa a colar na pele — até que a mulher esquece onde termina o teatro e onde começa sua própria voz.

Wilhelm Reich, em A Função do Orgasmo, nos mostrou que a repressão da pulsação orgástica afeta diretamente a saúde emocional, criando couraças no corpo e na psique. O orgasmo é um fenômeno bioenergético que regula o sistema nervoso, dissolve tensões profundas e conecta a mulher com a fonte de sua vitalidade. Fingir o orgasmo é não apenas negar esse poder, mas também bloquear o fluxo natural da energia vital, gerando frustração crônica, apatia, distanciamento e até sintomas físicos como insônia, dores pélvicas, ansiedade e tristeza sem nome.

A sabedoria taoísta nos ensina que o prazer feminino é uma via sagrada para o cultivo da energia sexual, que quando adequadamente circulado, alimenta os órgãos, fortalece o sistema imunológico e expande a consciência. Fingir o orgasmo quebra esse circuito. A energia, em vez de ascender pela espinha e nutrir o corpo e a alma, fica estagnada nos centros inferiores. O corpo aprende a se desligar no momento em que deveria se acender.

Fingir o orgasmo, portanto, não é um simples “ato inocente”. É uma autoabandono ritualizado. É ensinar ao corpo que ele não será ouvido. É dizer à alma que seu êxtase não importa.

Recuperar o direito ao prazer autêntico é um ato de desobediência sagrada. É dizer: “Eu mereço ser verdadeira. Meu corpo merece ser respeitado. Meu orgasmo não será mais uma mentira confortável.”

Aysha Almeé

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By Aysha Almeé

Mulher, artista, curiosa e mergulhadora de si. Dançarina do Ventre, Dançaterapeuta, Terapeuta Tântrica e Renascedora. Formada em Farmácia, Naturopatia e pós graduada em Terapia Corporal Reichiana. Eterna estudante de Medicina Tradicional Chinesa, Tantra

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